Biomateriais para o clínico

Até pouco tempo, era comum a exodontia simples, onde o cirurgião-dentista realizava a extração, curetava o alvéolo e suturava os tecidos moles. Com a crescente busca por tratamentos com implantes dentários, este processo passou a ser repensado. Muitas vezes, ao procurar o tratamento com implantes, o paciente é informado que não possui disponibilidade óssea adequada, e questiona o porquê deste fato, já que possui amigos e familiares que fizeram implante sem a necessidade de enxertos prévios. Ainda que o implantodontista tenha ética ao não depositar a responsabilidade no dentista que realizou a extração, atualmente é muito comum que os pacientes busquem informações na internet e, certamente, encontrarão informações de que o implante poderia ter sido realizado naquele mesmo momento ou que poderiam ter sido tomadas providências naquele ato cirúrgico no sentido de minimizar a perda de volume ósseo durante as fases de cicatrização. Por este motivo, tem sido crescente o número de ações movidas sobre dentistas que realizaram extrações desconsiderando esse fenômeno fisiológico.

 

Estaremos abordando, em etapas, alguns aspectos relacionados à utilização dos biomateriais, visando trazer informações importantes ao clínico e mostrando que simples condutas podem ser importantes para a cicatrização do paciente, para evitar processos e agregar valor ao procedimento de exodontia.

Quando falamos em regeneração alveolar (aquela realizada nos momentos de exodontia), existem dois biomateriais que são de grande relevância: as barreiras (ou membranas) e os enxertos ósseos. Neste primeiro post falaremos sobre alguns termos comuns e indicações.

 

Embora não haja um consenso de definição na literatura, para facilitar a comunicação entre nós profissionais, academicamente utilizamos as seguintes definições:

 

RTG (Regeneração Tecidual Guiada) – Como sabemos, as células de tecido epitelial se proliferam em maior velocidade quando comparadas às de tecido ósseo. Desta forma, ao deixarmos um alvéolo “vazio” após uma exodontia, a tendência é que haja uma grande ocupação do espaço por tecido mole, reduzindo significativamente o volume ósseo final. As barreiras são utilizadas no princípio de “exclusão epitelial”, impedindo que estas células se proliferem para dentro do defeito.

 

ROG (Regeneração Óssea Guiada) – Situações nas quais associamos a utilização de enxertos ou substitutos ósseos (com ou sem a utilização de barreiras e/ou membranas).

 

De maneira geral, quando temos um alvéolo com todas as paredes íntegras, a utilização de uma barreira (RTG) já se faz suficiente para um excelente resultado de neoformação óssea. Quando existe defeito em alguma das paredes do alvéolo, associamos também os enxertos ou substitutos ósseos (ROG). Existe uma diferença quanto ao tempo de aguardo para neoformação óssea entre estas duas situações, pois quando fazemos uma ROG, o enxerto precisa ser reabsorvido para que haja a ocupação por células ósseas em sequência (geralmente de 5-6 meses). Quando fazemos apenas uma RTG, o tempo é reduzido para apenas 3-4 meses.

 

Espero que tenham curtido este primeiro post e já comece a fazer diferença em suas condutas clínicas. Entre as próximas postagens sobre este assunto, estaremos trazendo outras “Clinical Tips” para seu dia-a-dia. Fique ligado e até a próxima!

 

Edgard Belladonna
Coordenador dos cursos de Especialização em Implantodontia da UniRedentor (JF/MG)
Mestre em Implantodontia
Especialista em Próteses Dentárias
E-mail: dr.edgard@gmail.com
Instagram: @edgardbelladonna