O que significa dizer: A relação entre periodontite e diabetes é bidirecional?

A relação entre diabetes e periodontite é bidirecional, ou seja, diabéticos possuem um risco aumentado para periodontite, e a periodontite pode causar ou agravar o diabetes.

 

Diabetes e Periodontite

 

No paciente diabético, a hiperglicemia reduz as defesas do hospedeiro frente aos patógenos periodontais, causando exacerbação da resposta inflamatória, alterações microvasculares, retardo na cicatrização, além de impedir a reparação de novo osso.

 

Indivíduos com diabetes têm maior prevalência, extensão e gravidade da doença periodontal, tanto para os tipos 1 e 2, com uma relação dose-resposta entre o pobre controle metabólico e a gravidade e progressão da periodontite. A resposta ao tratamento periodontal nos diabéticos mal controlados é bastante inferior à resposta dos não-diabéticos ou dos diabéticos bem-controlados.

 

Periodontite e Diabetes

 

A periodontite aumenta a concentração de citocinas pró-inflamatórias e mediadores pró-trombóticos no soro. Com isso, ocorre aumento da resistência à insulina e consequente redução do controle metabólico, podendo causar diabetes ou agravar complicações do diabetes existente.

 

Pesquisas sobre o efeito do tratamento periodontal no controle do diabetes demonstraram que a terapia periodontal mecânica pode reduzir aproximadamente 0,4% na hemoglobina glicada em três meses, o que seria um impacto clínico equivalente à adição de um segundo medicamento em um regime farmacológico para diabetes.

 

Quais as principais recomendações para a prática clínica?

 

Como parte de sua avaliação inicial, pacientes com diabetes tipo 1, tipo 2 e diabetes gestacional devem receber um exame oral completo, que inclui um exame periodontal abrangente. Mesmo que não haja diagnóstico de periodontite, inicialmente, recomenda-se uma revisão periodontal anual.

 

Pacientes sem diagnóstico de diabetes, mas portadores de fatores de risco para diabetes e sinais de periodontite devem ser informados do risco de desenvolverem diabetes, e encaminhados a um médico para testes diagnósticos e acompanhamento clínico.

 

Entender que a periodontite, além do impacto negativo local ao periodonto, pode impactar sistemicamente um indivíduo, é fundamental para a excelência da prática clínica e do atendimento integral em Odontologia.

 

Mariana Fogacci
Profa. Adjunta Periodontia (Universidade Federal de Pernambuco – UFPE)
Integrante do Banco de Avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) MEC/INEP – BASis
Pós-Doutorado em Saúde e Ambiente (UNIR)
Doutora e Mestre em Periodontia (UFRJ)
Especialista em Periodontia (FOB-USP)
Especialista em Prótese Dentária (UFRJ)
Habilitação em Laserterapia (USP)
Graduada em Odontologia (UFRJ)
Membro da Sociedade Brasileira de Periodontologia (SOBRAPE)
E-mail: mari.fogacci@gmail.com
IG: @marianafogacci