O tratamento periodontal pode melhorar as doenças cardiovasculares?

Quarto post da série sobre as últimas atualizações do Consenso que aborda a associação entre a Periodontite e as Doenças Cardiovasculares, e vamos abordar os efeitos da terapia periodontal. Se você não leu o terceiro post  desse tema, não deixe de conferir.

 

O Consenso apresenta as evidências do efeito do tratamento periodontal sobre as doenças cardiovasculares respondendo algumas perguntas.

 

O tratamento da periodontite impacta na prevenção de doenças cardiovasculares ateroscleróticas?

 

Intervenções de saúde bucal, profilaxia dentária, hábitos de higiene bucal auto-realizados, como escovação, aumento das visitas ao dentista e tratamento periodontal podem reduzir a incidência de eventos de doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Pacientes que escovavam menos de uma vez ao dia exibiram a maior incidência de eventos de doenças cardiovasculares ateroscleróticas em comparação com aqueles que escovaram duas vezes ao dia, indicando que as rotinas de higiene bucal executadas podem reduzir a incidência dessas doenças.

 

Reduções na taxa de incidência de doenças isquêmicas foram observadas tanto na profilaxia dentária quanto nos grupos de tratamento periodontal intensivo. Pacientes que responderam mal ao tratamento periodontal tiveram uma incidência aumentada de eventos de doenças cardiovasculares ateroscleróticas em comparação com os que responderam bem, sugerindo que o sucesso do tratamento periodontal poderia reduzir a incidência desses eventos.

 

Usuários regulares de assistência odontológica apresentaram menor risco de acidente vascular cerebral isquêmico, em comparação com usuários de cuidados em saúde bucal esporádicos.

 

Em resumo, a progressão das doenças cardiovasculares ateroscleróticas pode ser influenciada pelo tratamento periodontal bem-sucedido, independente do gerenciamento tradicional dos fatores de risco para doenças cardiovasculares.

 

Qual o efeito do tratamento da periodontite nos principais marcadores das doenças cardiovasculares? 

 

Há evidências moderadas de redução da inflamação de baixo grau avaliada pelos níveis séricos de PCR, IL‐6 e melhorias nas medidas da função endotelial.

 

Evidências moderadas sugerem que o tratamento periodontal não afeta as frações lipídicas, embora haja evidências limitadas, sugerindo que o tratamento periodontal reduz a pressão arterial e a rigidez arterial, a doença cardiovascular aterosclerótica subclínica (avaliada pela espessura da camada íntima-média da carótida) e evidência insuficiente de um efeito nos biomarcadores das doenças cardiovasculares ateroscleróticas como os de coagulação, a ativação de células endoteliais e o estresse oxidativo. 

 

Redução de mediadores inflamatórios associados à fisiopatologia da aterosclerose

 

A terapia periodontal associa-se a uma diminuição significativa dos níveis de PCR, além de melhorias nos marcadores relacionados a saúde cardiovascular. O efeito da terapia periodontal mostrou uma diminuição significativa nos níveis séricos de mediadores pró-inflamatórios como IL‐6, amiloide sérico A e anti‐quimo‐tripsina alfa 1.

 

Redução nos fatores trombóticos associados à fisiopatologia da aterotrombose

 

Existem evidências de que a terapia periodontal parece resultar em uma diminuição significativa dos níveis de fibrinogênio.

 

Diante das evidências apresentadas é possível perceber o impacto do tratamento periodontal sobre as doenças cardiovasculares. Esses dados reforçam a necessidade do diagnóstico periodontal  pelos Cirurgiões-dentistas. E o seu papel para a prevenção de doenças, não somente bucais, mas a necessidade de sua atuação para a completa saúde dos pacientes.