Periodontite e o parto prematuro

Existe relação entre a Periodontite e o parto prematuro e o baixo peso ao nascimento?

 

A relação entre a periodontite e os desfechos adversos da gestação, como o parto prematuro e o baixo peso ao nascimento, vem sendo estudada, desde 1994 até os dias atuais.

 

Por se tratar de uma doença de natureza crônica, inflamatória e infecciosa, a periodontite vem sendo investigada como um possível fator de risco para esses desfechos adversos.

 

Duas principais vias biológicas foram propostas como plausíveis para explicar essa possível associação:

  1. disseminação de bactérias: bactérias do biofilme oral teriam acesso à circulação sanguínea através da parede (epitélio) ulcerada da bolsa periodontal e poderiam se disseminar pelos vasos e chegar até a placenta e o feto, causando infecção e consequente liberação de mediadores inflamatórios no local;
  2. disseminação de mediadores da inflamação: subprodutos da inflamação periodontal, como citocinas pró-inflamatórias, teriam acesso à circulação sanguínea através da parede (epitélio) ulcerada da bolsa periodontal e poderiam se disseminar pelos vasos e chegar até a placenta e o feto, causando inflamação no local.

 

Os principais mediadores da inflamação associados ao parto prematuro são as interleucinas (IL-1α, IL-1β, IL-6, IL-8), o fator de necrose tumoral (TNF-α) e a prostaglandina (PGE2), que podem provocar a ruptura prematura das membranas iniciando o trabalho de parto precocemente.

 

Em relação ao baixo peso ao nascimento, o principal mediador da inflamação associado é o fator de necrose tumoral (TNF-α), que impede a captura e utilização de lipídios pelo feto, impedindo o ganho de peso.

 

Considerando a plausibilidade biológica da relação entre periodontite e desfechos adversos da gestação, inúmeras pesquisas foram conduzidas sobre o assunto nas últimas décadas.

 

O último consenso sobre Medicina Periodontal publicado pelas Academia Americana de Periodontologia e Federação Européia de Periodontologia apontou que o parto prematuro e o baixo peso ao nascimento estiveram associados à periodontite de forma modesta e que os resultados variam de acordo com a população estudada, com os meios de avaliação periodontal e com a classificação de periodontite empregada.

 

A evidência científica atualmente disponível indica que a terapia periodontal é segura e deve ser recomendada a mulheres grávidas com periodontite no intuito de reduzir a inflamação local. Entretanto, não pode ser recomendada com a prerrogativa de reduzir o risco do nascimento de bebês com baixo peso ou prematuros.